Dizem que o filósofo Goethe pisava
o chão com muito cuidado, receando que os seus pés viessem a matar uma simples
formiga.
O missionário
Albert Schweitzer também tinha uma profunda reverência à vida. Não admitia, por
hipótese alguma, maus tratos contra os animais.
O jornalista Carlos
Fernandes certa vez viu, da janela do prédio onde trabalhava, um carroceiro
chicoteando violentamente o burrinho que o ajudava a ganhar a vida. Fernandes,
que era atleta, ficou tão indignado com a cena que desceu para agredir o
insensível e insensato carroceiro.
Outra história
assemelhada aconteceu com o advogado João Santa Cruz, homem boníssimo. Em uma
viagem de taxi a caminho do Recife, Santa Cruz viu o motorista atropelar
propositadamente um cachorro que descansava no acostamento. Indignado, ele
saltou do carro, em sinal de protesto, e resolveu não viajar mais com o
desalmado taxista.
O genial Leonardo Da Vinci costumava
ir ao mercado somente para comprar passarinhos em gaiolas, para depois
soltá-los. Doía-lhe muito ver as aves aprisionadas, sem usar as asas que a
natureza lhes deu.
A sensibilidade
dessa gente comove a alma!
É lamentável
constatar que muitas pessoas ainda se regozijam com o sofrimento dos chamados
animais irracionais!
É triste, por
exemplo, saber que em países classificados como civilizados, de primeiro mundo,
como a Espanha, as pessoas encontrem diversão em odiosas touradas.
Outro dia vi na
televisão um desses espetáculos em que o touro tombava na arena, todo
ensangüentado, enquanto a multidão em delírio, aclamava o toureiro triunfante.
Sinceramente, não
vejo nenhuma diferença entre esse sangrento episódio e aqueles eventos
ridículos que ocorriam no Coliseu da antiga Roma, em que humanos eram devorados
por leões sob os aplausos de uma enlouquecida plateia. Pobres dos mártires!
Coitados dos leões!
No Brasil - esse
país que parece não ter jeito -, não há touradas, mas existem passatempos
igualmente idiotas, como os rodeios, as vaquejadas e as brigas de galos, todos
à custa do sofrimento dos bichos indefesos.
E o mais estranho é
que a nossa legislação, a começar pela Constituição, veda a prática de atos que
sujeitem os animais a maus tratos.
Só nos resta,
perguntar: qual a efetividade dessas leis, se não há uma que consiga coibir a
violência contra os seres viventes? Onde estão as autoridades que têm a missão
de aplicar e fiscalizar o cumprimento da lei?
É sempre bom
lembrar que, embora os animais não tenham direitos, no sentido próprio do
termo, nós, que nos julgamos tão especiais na criação divina, temos o dever de
cuidar dessas criaturas.
Somente assim
poderemos nos considerar verdadeiramente humanos.